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segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Do debate e da nação IV

Não me digam que a embalagem não conta! E que a adequação do brinde ao target também não!
Ideologicamente pensar que se votam pelas ideias e não pelo aspecto da campanha é falacioso. No fundo o que faz um político pode resumir-se nas funções da administração de Fayol: planear, organizar, controlar, coordenar e comandar. Estas funções podem aplicar-se a qualquer projecto, qualquer gestão. À de marketing por exemplo assenta como uma luva. Assim e de forma simplista, pode-se extravasar para a política a máxima de que as empresas que apostam em marketing obtêm melhores resultados? Talvez. Vejamos. A aposta em marketing (de massas, principalmente) é um investimento grande que só o faz quem tenha uma projecção de longo prazo - mostrando capacidade de planear. O risco associado ao investimento inerente aumenta em proporção exponencial a capacidade de retorno; a aposta numa certa imagem, o efeito do "bem feito" e profissional que chegue por diversos meios ao mercado alvo; na ausência de mensuradores concretos, imposição de uma ideia generalizada sobre o produto; um resultado final coerente, convincente, ganhador. Capacidade de organizar. A incerteza sobre a qualidade de um produto mas a convicção clara na mente do eleitor de que é melhor que o concorrente, dá-se na política através da ideia pré concebida que cada cidadão tem do mundo e de como ele deve ser organizado para que os valores fundamentais ganhem a ordem de importância que cada um concebe. Mas, por razões diversas, não compramos sempre o produtos que achamos terem melhor qualidade. Usamos a ponderação.
Tal como no marketing, uma campanha não será mais que um esforço organizativo de um departamento em colaboração com os demais e a representação de um periodo de actuação onde as vantagens competitivas actuais são levadas ao extremo da convicção. Não me pareceria demasiado afirmar que, se nas empresas esta capacidade de gestão do investimento tem provado dar lucro, na política o que melhor apresentar essa capacidade organizativa obterá mais votos. No marketing, o voto ideológico seria aquilo a que se chama um nicho de mercado.

Do debate e da nação III

Gosto de anos de eleições, já aqui o disse. Devia haver um ano de eleições pelo menos uma vez por ano, também reafirmo. O debate das ideias, quando o há. Dizia-se da discussão sai a razão... Mas o burburinho político está cada vez mais parecido com uma novela mexicana. É facil de ver. Confere. Cada episódio tem uma reviravolta. Confere. A opinião pública varia conforme a performance das personagens. Confere. As vozes dos personagens são dobradas. Confere. Assim podem insinuar à vontadinha que logo virão 4 acessores explicar a razão e o sentido de certa afirmação. Há uma característica das novelas mexicanas que à qual a política não vai beber inspiração que é a de que no fim a Conchita e o Juan que andaram episódio atrás de episódio a fazer mal à Arancha e ao Paquito acabam sempre castigados para agrado do público. Na novela política os castigos são ditados nas urnas mas a tendência da democracia vai no sentido de confundir o eleitor. A destreza da argumentação faz não saber quem é o bom, o mau e o vilão. Os seguidores adictos da novela lá terão a sua ilusão. Os que apanham um episódio aqui outro alí, irão mais pelo design do brinde entregue em mão. Eu espero ir a tempo de uma t-shirt. Se não houver, uma caneta. Vá lá.

sábado, 12 de setembro de 2009

Do debate e da nação II

A televisão portuguesa esqueceu-se dos cybernautas. Todas. São precisas horas de espera para ver um debate online. Eu, que tinha a expectativa elevada. Entretenho-me com o crochê, enquanto os problemas técnicos não se resolvem.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Do debate e da nação I

Devia haver uma ano de eleições por ano. Votos a favor, votos contra, abstenção.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Do debate e da nação

Finalmente começa a aqueçer.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Das outras caixinhas de surpresas

Bruxelas é outra loiça. É inevitável a comparação com Amsterdam pela proximidade temporal da visita e pela proximidade geográfica. Chegamos, sem guia às seis da tarde de quarta feira e a primeira impressão foi a de uma cidade extremamente comercial. A partir daí foi sempre olhar para o lado e encontrar uma surpresa! Começou à chegada. Se nos indagavamos se a prostituição é legal aí, a resposta chegou ainda nos subúrbios. Do comboio vimos uma "red light" diurna, com as Marias a dançar em portas viradas para a linha de comboio. Talvez por ser de dia, a arte pareceu não ter metade do feeling de Amsterdam. Saímos na estação central. Nos primeiros minutos fomos dar à Gros Markt, em Flamengo, Grand Place, em Francês. Mais umas voltas, ida ao hostal, voltamos aí. As 9.30, depois de tropeçar numa ruazela com o Manneken Pis, voltamos à praça. Em caminho para outras paragens começamos a ouvir uma música clássica altíssima, voltamos à praça.
Era um espectáculo de projecção, luz e música no símbolo central da praça, o Hotel de Ville. Centenas de pessoas sentadas e deitadas no paralelo a desfrutar de 6 minutos de ebriedade auditiva e visual... Como é daquelas cidades onde os autocarros são indecifráveis, o metro foi o transporte de eleição. E, que boa escolha. Algumas das linhas tinham umas estações do outro mundo. Estéticas bem arrojadas. Uma delas, por exemplo, umas estátuas que pareciam mortos (imagino estar sozinha à espera do metro naquela estação!). Noutra encontramos um mural de azulejo do Júlio Pomar ilustrando Pessoa e outros riscos. O atomium, que queria conhecer desde miúda, é também ele do outro mundo. Um átomo aumentado 165 biliões de vezes. É uma escala que, mesmo diante dele, custa percepcionar. Contra todos os conselhos, entramos. De facto não é que tenha muito que ver, mas é preciso entrar para se perceber a sua dimensão! Cada "bola" são 3 andares altos e no "tubo" central que parece ter meio metro de diâmetro quando apreciado por fora, está um elevador onde cabem 20 pessoas! Além da quantidade de arte nova e dos tropeções em edificios e museus de fazer inveja a qualquer cidade, do que mais gostei foi da gente, e da forma como voluntariamente oferecia ajuda e simpatia a quem via procurar. Acabei por comprar o guia, não queria perder pitada. Não teria sido necessário já que Bruxelas se revelou bem por sí, sem a ajuda do menú turístico.

domingo, 30 de agosto de 2009

Da alegria que não está nos dias úteis

Para quem ainda não foi, aconselho. Amsterdam é uma cidade onde os valores foram ousadamente postos em causa. A aplicação dessa reflexão sente-se e vê-se no ambiente descontraido de cidade ocidental. É diferente de tudo o que vi. A red light, os coffeeshops, as bicicletas... Agora que tento dizer qualquer coisa sobre a cidade, nada me sai que não seja descontração e liberdade de ousar. Bons pequenos almoços gratuitos, o museu Van Gogh, os canais, os barcos, barquinhos, barquetes, negócio, também, mas com estilo. Praia a 25 minutos de comboio. Acima de tudo, sem a intenção clara de ir a Amsterdam à Maria Juana ou às outras meninas, o ambiente da cidade não nos faz acreditar nem desacreditar que os outros estão lá para isso. Ou por isso. A primeira impressão foi de uma cidade séptica. Que mudou radicalmente nas primeiras horas. Mas não é nada que se conte, não são grandes obras, nem ser grande no tamanho ou na beleza, nem nada soberbamente antigo ou incrivelmente moderno, é funcional. Ponto. As bicicletas, aos milhares, são bemvindas e prioritárias. Há semáforos para elas. Mesmo no comboio onde a pica obriga um casal de velhotes neozelandeses a desandar por escadas íngremes com 6 malas grandiosas e a 5 minutos do fim da viagem, por estarem em lugares para bicicletas! Ir a Amsterdam e não andar de bicicleta é ir a Roma e não ver o Papa. Tudo fica incrivelmente ao alcance, sem necessidade de um motor ou grandes engenhos. Na red light as meninas são novas e mexem-se bem. Algumas dançam em biquini ou lingerie ao som de um rádio-cassetes elementar. Música que egoísticamente não partilham com o transeunte. É tão natural como impressionante. Aparenta dignidade. As mais velhas assomam à porta dirigindo-se imperativamente aos potenciais clientes. Escondem-se atrás da cortina escura, que também esconde outras coisas, quando vêem um flash.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Destes amigos, do silêncio, à noite II

A colecção de livros Europa América era minha amiga de juventude. A lista de livros editados pela colecção que figurava na última página de cada livro, era um fascínio. A Jane Austen, o Júlio Dinis, o Camilo Castelo Branco e o Eça de Queiroz insistiam que eu lê-se todo o seu cardápio. Não consegui acabar. Mas tenho que deixar uma nota para "A queda de um anjo" e para "A morgadinha dos Canaviais", meus preferidos dessa época. Mas depois entra em cena o Virgílio Ferreira, no 11º ano. Foi a entrada num admirável mundo novo. Passava-se em Évora, onde o pai andou na tropa. Por um lado, o diálogo existêncialista. Por outro a consciência da existência de um mundo contemporâneo na literatura. Passei então a voltar-me para autores contemporâneos. Desilusão. Não nos livros. Mas a panóplia de oferta é tão exponêncialmente maior que morreu para sempre a vontade de menina de ler todos os livros!

Agora, estou numa fase de Português-político-light. Já não posso com livros em inglês. Os que me têem dado entusiasmo são umas importações do Fernando Dacosta sobre o Salazar e outras personagens da vida portuguesa e as memórias políticas do Diogo Freitas de Amaral, que o senhor tem uma memória! De férias, emprestado, vou levar “Sem medo” da Rita Delgado. A ver o que aí vem!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Destes amigos, do silêncio, à noite I

Quando o pai ia ao Porto, levava quase sempre um papelinho com o nome de um livro para passar na livraria Lello, que ficava perto do Santo António e dava jeito. Eu nunca fui lá! O pai à falta de ideias e tempo deixou de me dar prendas que não dinheiro nas ocasiões especiais. Por isso não me esqueço do dia em que ele não levou papelinho nenhum e me apareceu sem ocasião especial com os Sonetos da Florbela Espanca...! Ah, e as regras. Primeiro enquadrar o autor na época, nunca saltar páginas e nunca ler o fim. E já houveram fins que me deixaram de boca aberta. Um fim que recordo especialmente foi o do "Trovão ouve o meu grito" de Midred D. Taylor, ganho na biblioteca de turma do 6º ano. Cada um dava 50 escudos semanais para comprar livros e no fim do ano dividiram-se os livros comprados por toda a turma. Tratava da tristeza de ser uma família de negros americanos que vivia do trabalho no algodão, nas décadas de 30, 40 e das formas de felicidade simples que se arranjam, segundo a condição. Três vezes o li e 3 vezes acabei com a boca literalmente aberta com vontade de correr a pontapé aqueles yankees brancos racistas da treta ...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Destes amigos, do silêncio, à noite

Livros é uma cena fixe! Como diria a Larinha (do alto dos seus 4 anos) é divertido! Não que leia muitos, que não há tempo ou assim se diz. É por fases e épocas. Às vezes leva meses até organizar uma rotina em que os livros entrem. Mas com livros tenho histórias tão díspares e estranhas que o inacabado bouquet literário é como se fosse um velho amigo de infância. Primeiro a mania de comprar o livro para ler (ou medo de gostar tanto e não o ter depois para rever). Não foram muitos os que li emprestados e parece que cismo em esquecê-los com mais facilidade... mania. Depois há aquela sensação de estar numa biblioteca. Aquele cheiro. Em que as veias incham ligeiramente, o cérebro parece que também e a decisão vem a seguir: querer ler todos! Depois sair da biblioteca para a realidade. Trash! Acabou! Pelos 16 anos tinha uma profissão de eleição secreta, que era fazer os textos iniciais de enquadramento do autor, nos livros! Estudar um autor até às ultimas consequências para poder falar do gajo! Houve também uma época de leitura às escondidas. Várias, até. Uma, reincidente. Quando ia dormir as 10, 11 da noite, ficava a ler até que o pai vinha ver se estava tudo bem e eu fingia que já estava a dormir. Por ser muito tarde e por ser esse o meu dever. A outra quando encontrei por casa o Fanny Hill - diários de uma prostituta de John Cleland. Escondia-o cautelosamente debaixo do colchão todas as noites, depois da leitura. Como se a mãe não fizesse a cama e mudasse os lençóis todas as semanas!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Da dificuldade de entender certas e determinadas opções

Nos Estados Unidos, Obama quer desenvolver a par do privado, um sistema de saúde público! Até aí tudo bem. Agora explicar aos estadunidenses que uma parte choruda dos seus impostos vai passar a ser investida em saúde pública quando eles já pagam balúrdios pelo seguro privado é que é mais difícil... De mim, Obama levou perplexidade! Os estadunidenses levaram primeiro um olhar de soslaio, depois um mais atento, depois uma data de palavrões feios, depois um pouco de reflexão e... §0#@-$€! O que vi foram milhares de pessoas em fanática apoteose contra um sistema de saúde público. Consigo entender os seus argumentos mas é-me difícil tolerar. 91% dos américas têm um seguro de saúde e portanto acesso aos cuidados de saúde. Mas e os outros 9%. Não. Não estamos a falar de patacos, que esses felizmente não entram no céu! Mas de vidas! E de ética e de solidariedade! E de um assunto e uma mudança que merece, no mínimo, ser debatida até à exaustão! Eu também venho de um sítio onde a solidariedade do povo existe. Se calhar é por isso. Não sei. Mas, o que me pôs os nervos na pele não foram as opiniões contra. Foi o entusiasmo e o fanatismo com que o Tio Sam veio à rua dizer não! Que falta de solidariedade... Tchhhh Nheccc

domingo, 16 de agosto de 2009

Do dia em que Deus criou o homem

E ao sétimo descansou... O Domingo é aquele dia em que não apetece fazer nadinha. É que nadinha. Não que o tenha em grande consideração como dia da semana... Como tenho que viver todos, vivo todos, apesar de gostar um bocadinho menos da Segunda. Talvez por ser a seguir ao Domingo. Em que não apetece fazer nadinha. A Terça é dia de acção, sem pensamento. Talvez por ser a seguir à segunda que é a seguir ao Domingo. A Quarta é o princípio, apesar de ser o meio. É o dia em que de tão ao centro ser, faz pensar no Domingo, na Segunda, nos outros todos... Na Quinta há que produzir mas com a alegria do Domingo que aí vem. Na Sexta, fecha-se um ciclo. Um ciclo de mentira... Em que a Segunda é afinal primeira, a Terça é afinal segunda, a Quarta, terceira e por aí fora... E o Sábado? Dia de toda a expectativa! Dia contraditório de tão grande ser... de pôr o lenço na cabeça, a casa num brinco e de pôr a melhor farda de lantejoulas e de mostrar ao mundo que o que se fez de Segunda a Sexta, que afinal era de Primeira a Quinta, valeu a pena! Pela liberdade de poder passar o lenço e de decidir se a melhor farda vai ter lantejoulas ou não. De tão grande, se torna tão pequeno, o Sábado! E depois o Domingo... E, podia tudo isto ser verdade, não fosse a minha origem desmenti-lo. Que primeiro a obrigação, só depois a devoção. Que nenhuma tarefa tem hora destinada, apesar de admitir que algumas dão mais jeito fazer a certas horas e em certos dias. Que o trabalho é para ser muito! E dividido por sete dá mais... Daí que, Segundas a Domingos que goste mesmo, são aqueles em que estou de férias.

sábado, 15 de agosto de 2009

D'Um ano que não posso negar

Um ano, uma imagem!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Das pontuais-crescentes irritações sociais

Não sou a fã nº1 de comentar experiências que não tive. Mas esta puxa-me ao comentário. É aquele pessoal que se mete a alugar uma limusina e vai de andar às voltas pela cidade. Em havendo experiências-não esta é, certamente, uma não-experiência! Primeiro, uma limousine é um carro. E qual é a função do carro? Transportar. Se possível, de forma económica e rápida, de um local a outro. Não confere. Depois há a coisa de que já que alugar uma limusina é caro e aquilo até deve ser confortável por dentro, porque é que quem aluga a dita, se põe aos gritos fora dela? Ele é pelo tejadilho, ele é pela janela... Se é para se mostrar, há aqui uma clara falha do sector da limusinaria! Era fazer limusinas transparentes! E assim o cliente pode apreciar o conforto e dar show off, 2 em um, sem a necessidade de sobre-esforçar o couro e as cordas vocais! Transparência e altura. Pelo menos dois metros. Se é para se mostrar e apreciar a música electrónica de mil nove e 95, o cliente devia poder dançar envolto de transparência. Que assim, dá show, permite dançar e o tímpano do transeunte fica liberto para outros agradáveis sons. Situação clara de win-win! Se algum limusineiro me estiver a ouvir, é de aproveitar... ideias brilhantes para o sector da limusina não me saem todos os dias!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Das coisas que faria com um grupo adverso I

Já que o artigo anterior foi escrito em meal time, com o risco inerente de sair trapalhão, arrisco uma explicação. Começa mal pelo conceito, o original era: o que farias, mesmo com um grupo de nabos? Que é mais especifico que grupo adverso. Pressupõe já que se conhece as pessoas em causa e que são nabos. Mas chamar nabos a um grupo de pessoas é feio, cai mal. Pressupõe maledicência. Que é, por um lado, coisa de que não queria impregnar o texto e, por outro, porque este nabo de que falavamos é uma pessoa que tem aspecto de nabo, mas que por falta de querer, nunca nós o conhecemos de uma conversa maior que Olá e à qual, portanto, nunca demos a oportunidade de se revelar. Cada um de nós deve ser considerado nabo para, pelo menos 100 mil pessoas. A ideia de funcionar como filtro é de pura introspecção. Não é pergunta que se faça na cantina da empresa aos tais nabos...
Quanto à parte do trabalho o que queria dizer é o que foi. Que tive já a experiência de trabalhar com um grupo de pessoas, de idades diferentes entre si e onde à partida, pouco de comum se encontraria entre todos nós. Terá sido das melhores experiências de trabalho que tive. Parece que a imposição de um relacionamento de longo prazo nos traz mais predispostos, esforçados e inventivos na busca de afinidades. Daí que tenha dito que "em extrema necessidade, arranjam-se afinidades onde à partida não existiam."
Parto sempre do princípio que um nabo, qual sapo em príncipe, se transforma em pessoa aceitável no circulo pessoal quando lhe é dado os devidos tempo e palco! A vida tem-me ensinado que nem sempre é assim... É ir tentando...
Continuo a viajar. Com nabos não sei o que mais faria. Talvez já precise de um Domingo para pensar...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Das coisas que faria com um grupo adverso

Começou por aludir-se a "um grupo de nabos". Mas como não é elegante... Leia-se a seguir: Em conversa casual, ousou perguntar-se-nos, assim mesmo, que tarefa/experiência arriscariamos conscientemente mesmo que acompanhada por um grupo de pessoas com o qual não temos afinidade pessoal.
Fiquei fascinada com a pergunta. É uma forma excelente de auto-exame. Há anos quando comecei a longa jornada de fazer o CV, entrei em pânico. Quando chegou a parte dos hobbies, bloqueei radicalmente. Não me lembrava de qualquer hobbie que fosse "curriculável" até perceber que "todos" o são. Teria sido uma boa questão a colocar, na hora. O Francisco, por exemplo, iria jogar futebol, mesmo com um grupo de pessoas sem qualquer afinidade pessoal.
Para se fazer qualquer coisa voluntária, mesmo com um grupo sem afinidades pessoais, deve ser uma coisa de que se goste mesmo muito. Assim separa-se trigo do jóio. O que se gosta muito e o que se gosta mais ou menos.
Mas trabalhar, por exemplo, é coisa que não nos importaria. Um grupo atroz desmotivaria, certamente, mas aqui a questão é introspectiva. Eu aceitaria voluntariamente esse trabalho? Sim. Parece que, em extrema necessidade, arranjam-se afinidades onde à partida não existiam.
O ser humano é estranho! Eu viajaria, por exemplo, mas com a condição de que fosse a um sítio novo! Tu, o que é que farias?

terça-feira, 11 de agosto de 2009

D'Um ano visual

Um ano, uma foto.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

D'Um negócio à antiga como me ensinaram

Hoje parece que tudo é difícil. Quando oiço os pais falar fico com a sensação de que antigamente, p'los 70 e 80s, era possível transformar qualquer coisa em dinheiro liquído. Apesar de pouco. Foi com essa ideia na cabeça que, com a Lurdes, companheira de jornada do Inov, tivemos a brilhante ideia de montar uma barraca de cerveja no Nazo. A festa do Nazo é aquela porque todos os Mirandeses, Sandinenses e malta das redondezas espera. É a festa das festas das Terras de Miranda. A 14 kms de Miranda logo a seguir à Especiosa, está a Nossa Sra. do Nazo. Vai de falar com os fornecedores, acertar o aluguer da barraquinha da Super Bock, fazer pipocas e juntar amendoins para que os pratos não voassem com o vento, e transportar 2 mesas e 8 cadeiras, que os clientes, a esses queriamos dar condições para apreciar a bela cevada fermentada. Está feito. Foram umas "férias" bem planeadas, 5 dias de muito trabalho, 2 mulheres e um negócio. E um nome: L Barracon Oufecial (mirandês para a barraca oficial). O lugar da barraca não era o mais previlegiado, ao lado do palco, bem lutamos por um melhor mas já estavam todos prometidos aos barraqueiros assíduos. Mas o que parecia um ponto fraco revelou-se uma Oportunidade! Por aí perto, ao lado do 2º palco, instalaram-se os ciganos. O meu convivio com a raça cigana era nulo, até então, e o pouco que sabia eram as histórias sórdidas de amizade ao alheio. Não posso negar uma apreensão inicial, um certo medo e um olhar redobrado à caixinha do dinheiro. Perante a contrariedade, achamos que um tratamento distante mas simpático seria o ideal. Correu bem. Além de trazer uns trocos, os ciganos devolviam-nos a cordialidade que ofereciamos. Longas teorias desenvolvi durante esses 5 dias sobre a forma como encaram a família, o dinheiro, as crianças... Grande lição de abate ao pré conceito! Os barraqueiros contíguos eram nossos clientes assíduos, de raro lhes parecer o nosso projecto! E acabava-mos as noites, depois do L Barracon fechar, nas elaboradas barracas a comer belas tapas e cavacar com as maltas jovens de Miranda! Afinal eles viam naquilo (de abrir uma barraca na festa) o mesmo que nós - uma forma de convidar os amigos para uma cerveja sem ter que a, necessariamente, pagar! L Barracon Oufecial aqui e aqui.

domingo, 9 de agosto de 2009

Da loucura consciente do self-herói

Tenho um grande sentido de apreço pela personagem criada e entitulada de Salvador Dalí. Antes do artista, tecnicamente brilhante (admito que alguns não gostem da sua estética mas a técnica é inegável), havia o homem cuja profissão era ser marketeer de si próprio. Fabricou meticulosamente sobre sí, uma imagem de louco lúcido, de génio excêntrico que, sabia ele bem, era isso o surrealismo. Auto nomeou-se Avida Dollars, trocando as letras do seu nome. Abafou, sem dó, os demais surrealistas. Dizia ele, sem pouca verdade, "a única diferença entre um louco e eu, é que eu não sou louco". A sua loucura era bem consciente. Uma frase sua que o revela como estratega e publicitário da sua imagem dizia mais ou menos isto: "Quando estou no meio dos surrealistas digo bem alto - Tenho que ir, vou ter com os aristocratas.- e quando estou no meio dos aristocratas digo - Tenho que ir, vou ter com os surrealistas." Aproveitava-se, assim, da falta de liberdade de circulação entre os dois mundos... A verdade é que com ou sem o peso da sua bem montada estratégia de marketing, Dalí deixou obra notável. Sempre actual e despolitizada, mais ainda quando analisada à época da sua realização. Tenho para mim que, antes de Warhol e Liechtenstein, Dalí inventou a Popart, trazendo para a ribalta objectos do quotidiano e figuras populares como a garrafa de Coca Cola ou a cara do Lincoln (melhor vista a 20 mts). Também tenho para mim que, não sei onde é que o arranjou, mas Dalí já tinha um computador equipado com AUTOCAD! Ver Dalí aqui.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Da camera, da cor, da arte

Hoje uma foto....

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Do Sócrates e dos povos que não lavam no rio

Há dias Sócrates alinhou na blogconf e foi responder a 20 bloguistas nacionais. Uma das suas teorias deixou-me indignada pela proximidade aos factos... A Tomás Belchior da Ruadireita filosofava Sócrates, com um ar de gozo incrível, sobre a Irlanda e a sua situação de contas públicas arrasadoras (e nós que a tínhamos em tanto respeito!) e sobre as medidas aplicadas pelo governo. Indagava Sócrates: "Como é que um Governo, perante a situação actual, chega à Câmara dos deputados para rectificar o Orçamento com duas medidas, e únicas, apenas: aumentar os impostos aos trabalhadores e diminuir os salários dos funcionários público? É obra.." Ora, pergunto-me, como é possível? E respondo. Que isso se consegue (não sem oposição política) quando se governa um povo que não faz da crítica gratuíta modo de vida, que confia no outro (nos políticos) como se o mundo fosse mesmo uma "aldeia" (que os vendedores de biblias ainda não descobriram) e, um povo ciente que os seus bolsos recentemente recheados de euros iam um dia romper com o peso... Também, qual era a alternativa? Se o Governo mexe-se com as empresas, maioritariamente investimento estrangeiro que se aproveita da única vantagem competitiva do país (baixos impostos) elas davam todas ao slide! Posta esta mescla e com os olhos postos nos países do Norte, onde a confiança e a apatia política abundam, fico com dúvidas. E penso que importa perguntar: Governa melhor um Governo que sabe governar ou um Governo que governa um povo que se deixa governar?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Do ser, do estar, da moral

Desde a superioridade monetária, à de conhecimento, à relacional, à moral, toda a gente tem uma espécie de superioridade eleita que a faz mover e dá jeito sacar aquando de uma conversa (in)formal. E em direito estabelecida. Para mim, faz sentido. Cada qual tem de se fazer valer psicologicamente dos seus pontos fortes para ter sustentabilidade social. Algumas das superioridades são bem toleráveis, principalmente se consistentes e bem arquitectadas. Mas, se há que escolher a superioridade mais irritante, escolho, de longe, a superioridade moral. Porquê? Acredito que é superior ser moralmente bem apetrechado mas, sendo a superioridade um superlativo, só tem sentido em termos de comparação. É precisamente esse o ponto de inflexão! É que, não raras vezes, a pessoa moralmente superior cai no erro de colocar na escala, comparar, a sua moralidade com a dos outros! Salvo as devidas excepções, o resultado dessa comparação toma a forma de crítica. Mas crítica não assumida já que de moralidade se trata! Que piora quando o objecto da comparação é bem definido e direccionado! No fundo o que torna esta superioridade diferente das outras é a falta de legitimidade: afinal o que é a moral?

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Do elogio e da loucura

"Sem liberdade de criticar, não existe elogio sincero." (Pierre Beaumarchais)

Voltando à infância. Uma rotina mais ou menos semanal que tinha era ir com o meu pai levar a mãe ao trabalho e passar pela papelaria Contraste, onde o meu pai comprava o Comércio do Porto e eu Uma Aventura. Depois ficava no carro até ao meio dia ou até que a aventura acabasse. Era tal o prazer que retirava daquelas letras que um dia resolvi enviar uma carta à Isabel Alçada e à Ana Maria Magalhães. Foi por ventura o primeiro elogio que fiz. Não falo do elogio social, do que fica bem. Falo do reconhecimento de que alguma coisa que nos dá prazer deve ser frontalmente reconhecida. Não na perspectiva ingénua de que esse elogio possa mudar alguma coisa mas para dizer que eu que estou aqui sou o teu público, eu gosto do que fazes! E ir directo à questão e à pessoa. Ultimamente elogiei a Joana Vasconcelos pela sua obra, os criadores das 7 maravilhas dos Portugueses no mundo, os criadores da La.Ga bag... todos portugueses, todos criativos, todos originais... O elogio é uma prática que aconselho. Despretencioso. Com ou sem crítica. A título de incentivo aos mais cépticos devo dizer - o elogio tem sempre resposta.
Quanto àqueles com quem tenho o privilégio de privar a história é outra. A palavra falada não é o meu cup of tea...! Mil desculpas e a promessa prometida de lhes criticar (frontalmente) os defeitos por lhes não ignorar as qualidades...
Um elogio aqui.

domingo, 2 de agosto de 2009

Dos números, do Siza, de Nietzsche

Idas vão as aulas de ciências sociais onde se repetia, entre outras, a ideia de que as ciências (sociais) não se querem sozinhas, isoladas em compartimentos estanques, alheadas dos progressos da demais - deviam ser interdisciplinares. Mais tarde, no bom tempo de Miranda, conheci o Jorge. O Jorge estudou arquitectura, adorava matemática e por circunstâncias da vida, fechou-se um dia no quarto a ler filosofia. Esteve lá cinco anos. Apesar de não ser arquitecto nem matemático nem filósofo, o Jorge gosta de produzir. Arte. Faz arte com essas três disciplinas na cabeça. E que bem a faz. Um dia mostrou-me que tinha inventado um sólido que não existe (Dodecaedros) e uma sucessão que, resolvida, concluia que um número é diferente do próprio número. É complicada de perceber esta arte do Jorge. São precisas largas horas de boa concentração de tão abstrata que se torna a questão... O propósito de trazer aqui o Jorge é o de que ele é a prova provada dessa interdisciplinaridade. De que as disciplinas solitárias parecem cada vez mais vazias de conteúdo. Tendem a especificar-se. Bolonha pareceu-me ser a operacionalização dessa quebra de paradigma. A saída do armário da interdisciplinaridade. Presa que esteve nos gabinetes académicos. Talvez esta seja a verdadeira revolução cultural do século actual... A ver vamos!
Obras do Jorge na incomunidade
aqui.

sábado, 1 de agosto de 2009

Da credibilidade das fontes e outras formas de ver televisão

Não há tantos anos assim, conheci a Liana, de Biana (que em Viana assim se diz Liliana), que tinha um tique de personalidade incrível. Enunciava exactamente com os mesmos gestos, a mesma entoação, o mesmo olhar, algo lido na Enciclopédia Larousse ou na secção Ele e Ela da revista Maria, algo escutado nas aulas do Professor António Fidalgo ou apreendido nas tardes da Júlia. Exactamente igual! Era incrível como aqueles olhos azuis, cheios de expressividade e confiança, nos tentavam a seguir um caminho que nunca sabiamos onde ia parar. Na mesma época, no café onde todos os dias iamos tomar o devido depois de jantar, a Dona Ester dizia repetidamente: "Pois ele dizia as verdades! Mandaram-no embora! Claro!" para se referir ao facto de o Marcelo Rebelo de Sousa ter saído da TVI como comentador. Também, nessa época a TVI fez uma reportagem sobre um menino do Interior que era pastor e tinha como sonho ver o Estádio da Luz. Apelo que a própria não podia negar e baita de bombardear o Jornal Nacional com a reportagem como se de uma notícia real se tratasse. Não raras vezes ouvi a Dona Ester, referindo-se a essa reportagem, dizer: "Este é que é o país real!". Não censuro, nem o podia fazer. São conhecidos os números da vertiginosa produção de informação actual. Talvez esteja na hora de informar que o que aparece na Maria e no Telejornal obedece a uma série de critérios que nada têm a ver com a genuina vontade de informar; que, assim queiram as Novas Oportunidades, e a Dona Ester aprender a navegar na web, o que encontrar na respeitada Wikipédia nem sempre é de fiar; que os sítios com blog no nome, não são mais que opinião pessoal (ahhhh!); que os livros e os jornais não têm todos o mesmo valor (ainda que ler faz sempre bem!) e que os comentadores políticos da televisão não são um Deus bem falante, mas sim uma argumentação relativamente bem informada na defesa das crenças e interesses pessoais. Até dói, D. Ester! Quanto à Liana, arranjou-se solução! Solução essa que foi bem aceite por ela e que melhorou a nossa comunicação (ainda que só por uns meses). Sempre que arregalava os olhos azuis, brilhantes, plenos de quem vai dizer uma verdade absoluta...Stop! Pára aí! Pára. Onde é que leste isso? Ok. Podes continuar...


quinta-feira, 30 de julho de 2009

Do pop yankee way

- Ohh Brad, I broke a nail!
What does Obama think about that? On the news, tonight!

(ver imagem em http://thingsicantdeny.blogspot.com/2009/07/realities-i-cant-deny.html)

A informação é como as carteiras Louis Vuitton. E todas as tendências de moda. Quando chegam aos lugares recônditos, através da feira, são já uma imitação tão desconfigurada, que quase irreconhecível. Quem aí as compra não sabe quem é isso do Louis Vuitton e das tendências. Está na moda. Pronto. Ponto! A informação faz um percurso idêntico nos media. Sai do investigador ou da "fonte", vai a livro ou revista, passa pelos jornais, radio e TV, é filtrada, passa de boca em boca, de vizinho em vizinho, é refiltrada, na blogosfera, na rua, em casa, na varanda, novo filtro, no piquenique, na ceia, no almoço... e se tiver suficiente calibre mediático chega mesmo às tardes da Júlia e às páginas do 24 horas. Se lhe falta mediatismo mete-se numa misturadora de cozinha, acrescenta-se um VIP, uma música deprimente, mistura-se bem e Voilá! Pouco se vislumbrará da informação original. É muito mais importante saber o que o Obama pensa dela...
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quarta-feira, 29 de julho de 2009

De ser português e outros orgulhos imediatos

Estás a falar com um estrangeiro e desconfias que por ventura esse estrangeiro já falou no passado com, pelo menos, um português? Anda daí! Vê a lista de coisas que NÃO lhe deves dizer:

a. Que os portugueses são os melhores e já tiveram, literalmente, meio mundo;
b. Que falamos todos um inglês muito bom e que os espanhóis, os franceses e os italianos comparados connosco no Inglês, são pura standup comedy de sábado à noite na tv;
c. Que todos os portugueses percebem Espanhol e o contrário não acontece;
d. Que tivemos uma revolução pacífica e Salazar era boa pessoa, comparado com Franco e Mussolini;
e. Que não temos os filmes dobrados e conhecemos a verdadeira voz dos actores de Hollywood;
f. Que consumimos muita música estrangeira e somos culturalmente muito à frente;
g. Que Cristovão Colombo é português;
h. Que o Figo, o Ronaldo, o Fado e a Paula Rêgo são portugueses;
i. Que o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, é português;
j. Que o ponto c. se deve à nossa inteligência;
k. Que o ponto b. se deve ao ponto e. com a ajuda do ponto j;

Não é que não sejam tudo puras verdades, que o são! Do mais verdadeiro que há! Poria as mãos no fogo por elas! É que isso, o pobre do estrangeiro já saaaaaaaaaabe! E, por outro lado, não faltam nobres causas nacionais, diversas destas e bem capazes de encantar a não lusa alma internacional! Tipo:

l. Que os chapéus de Public Enemies são produção 100% portuguesa;
m. Que toda a roupa de quarto e WC usada na casa de Hugh Hefner é made in Portugal;
n. Que a bandeira da América que espetaram na lua foi cosida à mão por uma portuguesa;
o. Que o rei Juan Carlos janta bacalhau num restaurante Transmontano em Madrid (para relembrar o sabor do exílio em Portugal!);
E, por último, tcharan!
p. Que a raça do cão de Obama é de origem portuguesa!

Ummmmmm! Se calhar, também não íamos por aí...

Do patriotismo bacoco e da lusa contradição

Quando chegar o dia em que ouvir um português dizer: "Nós somos os melhores" sem o "mas" à frente, ofereço-lhe um bacalhau. Um cálice de vinho do Porto a esse português! Está prometido. Nós somos os melhores, "mas"... Ei, pára aí! O que é que ias dizer? Está la caladinho. "Mas", o quê? Otário! Os portugueses gostam mesmo de se criticar, é uma coisa... É como os franceses mas sem a parte do humor. Há dias vi uma entrevista do Miguel Esteves Cardoso e descobri que ele só podia ser português. Não há hipótese! É que depois, há esta coisa da moda de elevar a moral às tropas, e Portugal é que é bom, e inventamos a via verde e tal, e o cluster da cortiça, mas...mas... não conseguimos! Parar pelas coisas boas, seria morrer. Dizer apenas bem de Portugal é como ir a Roma e não ver o Papa. É uma alma bacoca, um português que não mostra que sabe analisar! Que não saiba analisar e enunciar bem alto o produto da sua análise! E para analisar o país estamos cá nós! É como que um começar por dizer o que parece bem e ir depois vorazmente à opinião verdadeira, que depois do "mas" é que a conversa começa a aquecer! A entrevista do MEC foi isto que me suscitou. God knows como eu gosto da crónicas do MEC, mas MEC! Caramba! zzzzzzzzzzzzzz Bem... a culpa não é do MEC. Dou por mim, muitas vezes, a não conseguir evitar o "mas". Se bem que no estrangeiro o "mas" tem muito menos sentido. Parece que o fashion sentido patriótico que queremos imputar ás tropas é vazio de ideologia, que muito há a fazer para que a mudança de mentalidade seja efectiva. Talvez pudessemos começar por irradicar a palavra "mas" do dicionário. Retirem-se o "mas" e todos os designativos de oposição do Diccionário da língua portuguesa!

Portugal é um grande país, mas tem que aprender a gostar genuinamente de sí.

Passo a contradição. Correcção: Portugal é um grande país. Ponto final. Yes!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Dos crimes dos padres e outras confissões religiosas

Lembro-me que o primeiro texto original que fiz ia por volta dos 14 anos. Não consegui evitar tal era a fúria que sentia para com um Deus que não tinha ousado questionar até então. Tinha morrido o Ayrton Senna! Não que eu gostasse de Fórmula 1. Não consigo até hoje explicar essa fúria. Talvez se devesse às páginas massivas da Super Jovem que se ocupavam do facto. E a Super Jovem para mim era deus! Essa e as Bravo e Popcorn alemãs, que me levaram a crer que um dia aprenderia alemão por osmose, só a olhar para as legendas das fotos do BonJovi e do Axl Rose... Isto foi a 1 de Maio de 94. Dias antes, a 5 de Abril tinha-se suicidado Kurt Cobain. Era demasiado... Que Deus era aquele que permitia passivamente esses actos indeléveis? Por coincidência, por essa altura (ou uns meses depois) comecei a ler O primo Basílio e depois O Crime do Padre Amaro. Devia estar tão entediada na terrinha que me deliciei, na altura, com as novas descrições e tão exactas, de um Portugal antigo que me ajudava a perceber o de agora. Lembro-me do espanto de perceber que ja no século desanove se reclamava em todas as direcções: contra o país, os políticos, a política! Não haverá por ventura, pior altura da vida para ler estes dois. Foram anos de catequese e educação católica por água abaixo. Não estou a brincar nem a a alinhar em mediatismos. A verdade é que estes quatro factos da minha juventude, ocorridos naquela altura da vida, me transformaram na pessoa mais céptica e voluntarista (por oposição a dogmática) que conheço. Começo a perceber aquela cena, coisa e tal, efeito borboleta, não é?

Do tempo e outras odes à idade

Recurrentemente volto à infância e recordo com nostalgia esses tempos de ignorância... feliz.
Depois acordo para o que me rodeia e a idade, ah a idade! Se por um lado acreditei, naquelas frases convictas de miúda de que a "sabedoria é inimiga da felicidade" por outro, olho agora para o passado e que bem me sabe... ter pontos de referência que me pemitam interpretar as mensagens que há no ar! Que bom foi ter tido tempo - o tempo, para aprender, pesquisar, buscar... Cada ano tem ditado em mim um crescimento pessoal inquestionável. A idade tem destas coisas. A idade é um posto...Viva a idade! Todos os provérbios sobre a idade são verdade. E as frases feitas e as dos grandes filósofos! Se ter idade é isto eu quero ser velhinha! É preciso ter idade para ter tempo de ter passado! De ter armas de defesa pessoal. Contra os exércitos de germes e ácaros que povoam qualquer alcatifa! Ter tido uma rotina. Momentos depressivos. As perdas, as falhas, os erros, os ensinamentos dados pelos erros e pá! (Sobre)Viver a todas as contrariedades. E aprender sobre elas que a vida perfeita, aquela que é mesmo, mesmo, mesmo perfeita, mesmo, mesmo, perfeita, nunca chegou a sair dos estúdios de Hollywood, onde ficou presa pelo excesso de ambição do produtor. Que nos faz perceber que o que nos basta e faz rir, está numa família nuclear, um gato, uma máquina fotográfica, meia dúzia de bons amigos, acesso à internet, dois Ventis e lume. E, o sentido de que há alguém que zela atentamente pelos sentidos deste alguém que escreve. Esse sei bem quem é: um sentido único, um artigo bem definido...

Do título do blog e seu respeitado autor

Espero um dia poder chamar a isto desvio. Por ora, a minha conta bancária só ainda me permite roubo. Roubo e duplo. Primeiro surrupiei o Cesário Verde, que me foi apresentado nas aulas de português b. Que quem escolhe ir para as empresas não precisa de categoria a em português. Impressionou-me o Cesário e as suas descrições peculiares em "Sentimentos de um ocidental". O segundo roubo que fiz foi à Maria Filomena Mónica que editou "Sentimentos de uma Ocidental (Os)", em crónicas muito suas e que consumi deliciosamente. Roubo este mais descarado mas, se há que argumentar, ora cá vai. Primeiro para a MFM: "ladrão que rouba ladrão...", segundo, para os dois: comprei ambos os livros, versão original, preço de editor. Ora se o título está incluido no livro, comprei o título também. E se comprei é meu. E se é meu, posso usar! I rest my case! (diria com o queixo levantado e ar de superioridade!) Mas não. Não é mais que uma apropriação carinhosa de dois autores que aprecio, aliada a um título muito bom e que descreve bem o que são as letras que qualquer um dos três lança ao papel: Não são mais que sentimentos perante o mundo, interpretados por Ocidentais. Sentimentos de perplexidade perante o nosso mundo - o Ocidental e logo, perante a modernidade num contexto mais lato. Mas essa análise deixo para MFM, se não a fez já...

domingo, 26 de julho de 2009

Da numerologia e outras ciências afins

Aviso já que o que se segue nada tem a ver com numerologia. O conhecimento que tenho de numerologia não me permite ir muito além da informação contida no título: chama-se numerologia e há quem lhe chame ciência (que eu sou como o São Tomé, é ver para crer). Não. O que me motiva realmente neste escrito é a importância dos números na difusão da informação. Estudei Marketing e ao longo dos últimos anos muitas teorias se me formam na molécula que estão mais ou menos relacionadas com ele. Uma muito pouco relacionada, por exemplo, é a teoria de que existe proporcionalidade estatística entre o domínio da ferramenta Outlook e a ascensão na carreira (leia-se carreira empresarial). Mas sobre isso falarei num dia em que me apeteça. Sobre os números. Tenho para mim que são uma arma fortíssima quando a intenção é divulgar, passar informação. Números e termos superlativos. Há tempos, precisava de comprar candeeiros. De tecto e mesa. Fui então guiada pelo meu irmão ao que, ouvira, era a maior exposição de candeeiros da Europa com 3000 metros quadrados de exposição. Estas foram as duas únicas informações que guardei da experiência: maior e 3000 metros quadrados. Vamos então reportar a uma comum "conversa de café", que é onde o passa-palavra acontece. Que impacto teria se chega-se lá o líder do grupo (das conversas de café) com "Fui a uma exposição bué da grande, espectacular, mesmo fixe!" comparando com "Fui à maior exposição da Europa de candeeiros, 3000 metros quadrados, espectacular!"? Ou "Este tarifário é mesmo barato, aconselho!" comparado com "É o tarifário mais barato que há no mercado, 12,99 € por mês!"? Este exemplo pode extrapolar-se para tudo o que tenha a ver com difusão de informação: o boato, a mensagem publicitária, a gabarolice pessoal... Parece que o cérebro capta, processa, coloca numa escala, associa, tira ilacções e, mais importante, retém, com mais facilidade. É como se lhe oferecessem associações neuronais gratuitamente. Tudo isto terá, certamente, que ver com a assertividade, a objectividade e a mensurabilidade da informação que se passa. Valores estes que, é do domínio geral, ajudam o receptor da mensagem...
De facto a maior exposição de candeeiros da Europa era grande mas não era grande merda... ( há que ter cuidado para não gorar a expectativa!). E, só para testar, quantos metros tinha a exposição? Haaaaaaaa, viste? Este é um bom exercício de se fazer e comprovar: inventar um boato. Mas, um bom boato! Que é um "Este blog é muito bom!" comparado com "Este blog, é o mais visto da blogosfera Portuguesa (Brasil incluído) com 2 milhões de visitas diárias"? Laugh out loud!

sábado, 25 de julho de 2009

Da voz de Amália e outros pensamentos idiotas

Não sei se perdoar a geração dos meus pais por nunca me mostrarem a Amália dos seus tempos áureos. Bem vezes me perguntei, durante a minha juventude, porque é que toda a gente (os mais velhos) gostava daquela voz rouca, regular. Algumas ideias que apanhei no ar, nessa época, tratavam até com despeito o seu feitio de mulher do futuro. E, eis que me encontro na Irlanda, com uma vontade ávida de cultura portuguesa e o YouTube diante das orbitas oculares. Thank god there is YouTube! Lembro-me de começar pelo óbvio e badalado "Povo que lavas no rio". Nota 8 em 10. Passo depois para uma "Gaivota". Aquela em que a Amália canta, num serão em sua casa, com o Vinicius (que apresenta a canção), o David Mourão Ferreira e a Natália Correia, entre outros. Não fiquei particularmente excited. Passei, então, para "Nem às paredes confesso" e aí, sim. Decidi, imediatamente, que se devia proibir por lei a sua reprodução, noutras vozes. Insisto nessa ideia. E continuei, por aí fora, cada vez mais para o passado, a descobrir Amália, a ver as entrevistas, os filmes em que participou, os programas... Descobri que, além da voz, o sucesso dela se deveu à sua personalidade. E, compreendo, agora porque tinha tantos seguidores e em tantos países. A sua simplicidade dá vontade de idolatrar, como a um deus. E dá, também, uma vontade incontrolável de a divulgar. Comovi-me, como qualquer português, com o seu sucesso "lá fora" e ouvi, vezes sem conta, a sua música - o seu "Summertime". Agora, não passo sem uma "Gaivota" diária (a dos The Gift também me satisfaz) e mais que perdoar, vou relembrar aos meus pais a história de Amália feita pelo meu olhar...

Da procura da Diana e outras considerações menos importantes

Não são muitas as vezes, mas acontece! Conhecer alguém com quem se tenha uma empatia absoluta e dá mesmo gosto e vontade de conviver! Aconteceu com a Diana, por exemplo. Conhecemo-nos na Covilhã, vivemos na mesma casa por uns meses, mas por motivos muito dela resolveu não continuar naquelas paragens, que a tinham encantado nas primeiras visitas, e foi estudar para o Porto. Isto vai para 8 anos e, como o tempo voa! Nos poucos meses que convivemos levou-nos a visitar Fernão Joanes. E que bom era ouvi-la falar da transumância e das cortes e das estátuas que, com os colegas da Soares dos Reis, tinha instalado alí, mesmo no meio das cortes, nas eiras de Fernão Joanes. Lembro-me também da paisagem que nos levava alí, de uma Beira Interior lindíssima que nada tinha a ver com as fotografias que nos vendem nos jornais. Também recordo as cores da planta das sete sangrias, que se encontrava apenas na Serra da estrela e na China, que desenhou na parede do quarto, com 3 quadrados de ouro a lápis) e cuja história ela tão bem sabia contar. Nesse verão fomos à Zambujeira, Diana incluida, e que grupo repleto de sensibilidade e boa disposição. Depois disso encontramos-nos uma vez. Num cafezinho em frente ao coliseu do Porto, onde íamos juntas ver a Beth Gibbons!Nesse dia conhecemos a sua casa e família para os lados de lá do Douro. Ponto final. Fim de capítulo. Nem uma direcção de email ( perdida, seguramente). Hoje como várias vezes no passado tento encontrar pistas com a minha habilidade googliana e voilá! Consegui achar os apelidos! Já tenho o nome completo! Lembro-me vagamente que ela preferia o apelido do pai ao da mãe mas, mesmo assim, não consigo mais nada! Tentei googlar e social networkar com o nome, um e outro apelido, os dois apelidos, as escolas, a terra, os interesses e, nada! Tento recordar pistas que iluminem este caminho, mas não. E eu que tanto elogio as capacidades do google! Cheguei mesmo a chamar-lhe a melhor invenção do homem em ex aequo com a roda...Depois de algum tempo de uso começei a ganhar percepção do tipo de informação que se pode ou não encontrar no googlismo e no downlaodismo! Algumas regras são: 1-Proporcionalidade ao mediatismo, quanto mais mediático mais informação existe. 2-Proporcionalidade inversa à antiguidade, quanto mais antigo, menos informação, a menos que se verifique a primeira regra!3-Proporcionalidade inversa à "pessoalidade", quanto mais pessoal é a informação mais rareia nas passagens "googlianas", desde que não seja de interesse pessoal a sua difusão. Ia lá agora encontrar a Diana com Diana+apelidos+Thievery Corporation ou Diana+Gotan Project (Banda que muito lhe agradeço a apresentação) mas o que é que isso tem de mediático, recente e impessoal, para ser colocado na Internet! Quanto às redes sociais, a história é outra...mas aí, nem vou entrar. Talvez nas próximas férias me apresente à porta da Diana para lhe dizer "olá"!
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Do iniciar os títulos com artigos definidos e outras ponderações linguísticas

Sempre tive o sonho de iniciar o título de alguma coisa com Do, Da, dos ou Das. Eh pá! Parece-me bem, não sei o que é! Cheguei mesmo a iniciar alguns emails assim mas não correu bem e apaguei! Agora num post de blog... Não sei porquê mas fica mesmo bem. E, como explicar a um estrangeiro o significado disso?
Tenho a sina de lidar diariamente com nativos (e não só) das duas outras línguas que aprendi, inglês e espanhol, e deparo-me por vezes com situações linguísticas e culturais inusitadas. Qual é o ponto em que alguém pode dizer-se fluente num idioma? Quando percebe o interlocutor e se faz perceber. Até aí, consigo esboçar o desenho.
Mas qual é o ponto em que se domina uma língua como se da materna se tratasse? Quando se entende o seu humor, há quem diga. Por um lado, aceito, mas por outro... Como é que vou eu explicar a expressão "chapéus há muitos, seu palerma!" a um estrangeiro? É que além do que é explicável, numa qualquer expressão popular existem uma data de conceitos e associações se se podem criar que pertencem ao ideario colectivo de uma cultura e são irreproduzíveis noutras línguas. Algumas das coisas que se apreendem do intercâmbio de culturas e idiomas são contraditórias como, pedir mais informação e a contenção. Por um lado querer saber interpretar com a maior precisão o que nos dizem e o que dizemos, por outro, deixar de usar esta ou aquela expressão que tão bem caía naquele contexto para evitar explicar o que é inexplicável. Estar com portugueses no estrangeiro funciona, neste contexto, como uma terapêutica. Também esta contraditória. Por um lado o "repúdio" de uma hierarquia de valores bem conhecida e, por isso, criticável; por outro, o à vontade linguístico com que nos entendemos deixando escorregar tiques de "verdadeiro eu" que vão tornando as relações mais profundas e cheias de sentido. Em que ficamos? "Corta a nespereira, não corta a nespereira..."
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Da profundidade da existência humana e outras coisas que se podem comprar numa loja de roupa

É agora que vou comprar as calças! Fui.
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Do voyeurismo da janela grande à leitura do Harry Potter

Ter uma janela grande bem no centro de uma qualquer cidade é indiscutivelmente Grand! É estar em casa pensando que estou na rua e por isso não ter que sair por dá cá aquela palha, "apetece-me ver pessoas"! Longe vão os tempos em que, na Covilhã, ir ao centro era um acontecimento para durar longas horas, bastantes delas sentadas num banco de jardim a ver pessoas! Ah quotidiano que as matas! Num acto de beleza, certamente. A beleza da dinâmica quotidiana.
É, ainda assim, assistir a uma peça de teatro de dentro de casa. Onde os actores não sabem a fronteira entre a sua vida e o palco e onde a quarta parede sou eu.
É de sobremaneira bonito, ver como se pára na passadeira até instruções contrárias do bonequinho verde! Não vamos olhar, nem ver, nem pensar que a rua até está deserta em carros! Esperemos, antes pelas ordens dos bonequinhos verde e vermelho, à Portugal!
E não dissertarei aqui desse rectângulo, de longe que está da minha janela grande!
É também de ressaltar a indiferença com que as pessoas se cruzam da vista da janela grande. Podia aqui alinhar na perspectiva mediática de que a indiferença é má. Nas épocas em que a falta de mediatismo nos enche os olhos de notícias vagas e veraneias.
Mas não. Gosto dessa indiferença. Tal como de ouvir a Amália e ler o Harry Potter em frente à janela grande! É pena que as calças não possam vir ter a casa? Será que posso comprar online?

Da dificuldade de entender o surrealismo literário e pardais ao ninho

Venham mil Natálias Correia mais compêndios e explicações retrochique da literatura surrealista que eu vos digo: a pintura é que é!
Se vamos falar do Cesariny de Vasconcelos e do Vespeira, tudo bem. Mas tanta literatura surrealista, Natália? O que é a literatura surrealista, Natália?
Não são todos os poetas, escritores, criadores um pouco sub realistas, Natália? Agora construir uma onomatopéia Bang! é surrealismo, Natália? Não sei o que colocavas na boquilha, Natália, mas eu gosto de ti na mesma! E Gosto de te ler diante de uma janela grande!
Não posso decidir não comprar as calças ou fico no vazio! Por um lado fico sem calças por outro sem coisas para fazer que não me apetece e logo, ideias!
dasse!
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Da sedentariedade da minha geração e outras coisas

Ideia de liberdade livre e ideal seria, para mim, viver 6 meses em cada cidade europeia! Não peço muito, porque restrita à Europa, mas ainda assim estou consciente que teria que viver tipo, milhares de anos para que isso fosse possível.
Não conheço, até agora, um Erasmus com quem estudei ou convivi ou conheci,que tenha simplesmente regrassado ao seu país e bimba! ficar contente no sítio que o viu nascer!
Andar por aí "numa ânsia colectiva de tudo fecundar!Terra, mar, mãe..." Não sei o que se procura, o que se quer ou pretende. Tenho para mim que é uma busca do sítio ideal mas, temo, também para mim, que ele nunca chegue a existir.
É como uma canção diabólica, deambulante, onde a paisagem se quer sempre nova, sempre nova, e diferente... Onde as pessoas se querem sempre boas, sempre diferente e amigas...
Não é que seja particularmente bom que sejam amigas, já que se vão ter à distância. Parafraseando, de novo, o José Mário Branco: " não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe?"
Não sei. Mas creio que nos podemos encontrar enquanto nos encontramos fugindo. Não que me pareça essa a verdadeira razão da vida nómada que vamos adaptando ao nosso filme. Parece que, agora sim, vou comprar as calças!
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Dos Dias em que tenho coisas para fazer e não me apetece

Nos dias em que tenho coisas para fazer e não me apetece, geralmente, começo o dia mais cedo que o normal.
Acordo, tomo o pequeno almoço e penso no que tenho para fazer e não me apetece. Normalmente, durante o café penso também numa data de coisas, ideias e outras coisas que já tive que fazer no passado e não me apeteceu.
Ou não tive tempo, que é coisa que ocorre frequentemente. Aí, invariavelmente tomo um banho, que é coisa para 20 minutos, limpo a casa, que é coisa para de 2 a 3 horas, vou à internet por a coisa em dia, chego mesmo a passar a ferro algumas peças de roupa e penso.
Ummm, na (in)evitabilidade do que tenho para fazer e não me apetece. Nos dias em que a coisa que tenho que fazer não me apetece mesmo mesmo nada, chego a ter chuvas de ideias de milhares de outras coisas que podia fazer! Ideias mais ideias, algumas chegam ao papel. Quase sempre não vêem a luz do sol, que não seja numa ou outra mudança de casa.
Que isto de pertencer a esta geração, quase nos transforma em ciganos. Nómadas conscientes da sedentariedade eminente. Dah! Cruz credo, que chavão. Vou então comprar as calças.

Dos amigos à distância e outras particularidades

Não sei ter amigos à distância. É daquelas coisas com a qual me custa viver. Grande parte daqueles com quem tive o privilégio de cruzar e gostar, pouco sabem de mim que não seja num update bidiário e vago no facebook. Não é que seja a pior amiga à distância do mundo. A Ana, por exemplo, que não tem telemóvel, mal sabe o que é o hi5 e o facebook e tem por hábito andar descalça na rua, consegue ser menos amiga à distância que eu. O primeiro email que enviei para a sua caixa de correio com o nome pessoalissimo e_m_p_a_t_y2k@hotmail.com (fictício) obteve resposta passado um ano ( Ufa! era correcto, não perdemos contacto!) e a probabilidade de ela algum dia ler esta nota está muito, muito perto do conceito do limite que tende para zero. Ainda assim, penso nela e no que estará a fazer. Divago, com o maior e menor conhecimento que tenho de cada um dos meus amigos à distância e idealizo a sua vida actual como um sonho. No qual eu não entro, é certo. Que não seja à distância. Há dias em que "perco a cabeça" e lá me tento a escrever um email a um ou outro, geralmente dias em que tenho algo importante para fazer que não gosto. Hoje, por exemplo, decidi ir ao TKMaxx (ou lá como se chama) comprar umas calças e não quero! Não me apetece!

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