Quando o pai ia ao Porto, levava quase sempre um papelinho com o nome de um livro para passar na livraria Lello, que ficava perto do Santo António e dava jeito. Eu nunca fui lá! O pai à falta de ideias e tempo deixou de me dar prendas que não dinheiro nas ocasiões especiais. Por isso não me esqueço do dia em que ele não levou papelinho nenhum e me apareceu sem ocasião especial com os Sonetos da Florbela Espanca...! Ah, e as regras. Primeiro enquadrar o autor na época, nunca saltar páginas e nunca ler o fim. E já houveram fins que me deixaram de boca aberta. Um fim que recordo especialmente foi o do "Trovão ouve o meu grito" de Midred D. Taylor, ganho na biblioteca de turma do 6º ano. Cada um dava 50 escudos semanais para comprar livros e no fim do ano dividiram-se os livros comprados por toda a turma. Tratava da tristeza de ser uma família de negros americanos que vivia do trabalho no algodão, nas décadas de 30, 40 e das formas de felicidade simples que se arranjam, segundo a condição. Três vezes o li e 3 vezes acabei com a boca literalmente aberta com vontade de correr a pontapé aqueles yankees brancos racistas da treta ...
GATOS
Há 5 meses
uau este texto tá muito expressivo, gosto do enquadramento e da história que nos leva à moral enfurecida de pontapear ianques!
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