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sábado, 1 de agosto de 2009

Da credibilidade das fontes e outras formas de ver televisão

Não há tantos anos assim, conheci a Liana, de Biana (que em Viana assim se diz Liliana), que tinha um tique de personalidade incrível. Enunciava exactamente com os mesmos gestos, a mesma entoação, o mesmo olhar, algo lido na Enciclopédia Larousse ou na secção Ele e Ela da revista Maria, algo escutado nas aulas do Professor António Fidalgo ou apreendido nas tardes da Júlia. Exactamente igual! Era incrível como aqueles olhos azuis, cheios de expressividade e confiança, nos tentavam a seguir um caminho que nunca sabiamos onde ia parar. Na mesma época, no café onde todos os dias iamos tomar o devido depois de jantar, a Dona Ester dizia repetidamente: "Pois ele dizia as verdades! Mandaram-no embora! Claro!" para se referir ao facto de o Marcelo Rebelo de Sousa ter saído da TVI como comentador. Também, nessa época a TVI fez uma reportagem sobre um menino do Interior que era pastor e tinha como sonho ver o Estádio da Luz. Apelo que a própria não podia negar e baita de bombardear o Jornal Nacional com a reportagem como se de uma notícia real se tratasse. Não raras vezes ouvi a Dona Ester, referindo-se a essa reportagem, dizer: "Este é que é o país real!". Não censuro, nem o podia fazer. São conhecidos os números da vertiginosa produção de informação actual. Talvez esteja na hora de informar que o que aparece na Maria e no Telejornal obedece a uma série de critérios que nada têm a ver com a genuina vontade de informar; que, assim queiram as Novas Oportunidades, e a Dona Ester aprender a navegar na web, o que encontrar na respeitada Wikipédia nem sempre é de fiar; que os sítios com blog no nome, não são mais que opinião pessoal (ahhhh!); que os livros e os jornais não têm todos o mesmo valor (ainda que ler faz sempre bem!) e que os comentadores políticos da televisão não são um Deus bem falante, mas sim uma argumentação relativamente bem informada na defesa das crenças e interesses pessoais. Até dói, D. Ester! Quanto à Liana, arranjou-se solução! Solução essa que foi bem aceite por ela e que melhorou a nossa comunicação (ainda que só por uns meses). Sempre que arregalava os olhos azuis, brilhantes, plenos de quem vai dizer uma verdade absoluta...Stop! Pára aí! Pára. Onde é que leste isso? Ok. Podes continuar...


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