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segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Do debate e da nação IV

Não me digam que a embalagem não conta! E que a adequação do brinde ao target também não!
Ideologicamente pensar que se votam pelas ideias e não pelo aspecto da campanha é falacioso. No fundo o que faz um político pode resumir-se nas funções da administração de Fayol: planear, organizar, controlar, coordenar e comandar. Estas funções podem aplicar-se a qualquer projecto, qualquer gestão. À de marketing por exemplo assenta como uma luva. Assim e de forma simplista, pode-se extravasar para a política a máxima de que as empresas que apostam em marketing obtêm melhores resultados? Talvez. Vejamos. A aposta em marketing (de massas, principalmente) é um investimento grande que só o faz quem tenha uma projecção de longo prazo - mostrando capacidade de planear. O risco associado ao investimento inerente aumenta em proporção exponencial a capacidade de retorno; a aposta numa certa imagem, o efeito do "bem feito" e profissional que chegue por diversos meios ao mercado alvo; na ausência de mensuradores concretos, imposição de uma ideia generalizada sobre o produto; um resultado final coerente, convincente, ganhador. Capacidade de organizar. A incerteza sobre a qualidade de um produto mas a convicção clara na mente do eleitor de que é melhor que o concorrente, dá-se na política através da ideia pré concebida que cada cidadão tem do mundo e de como ele deve ser organizado para que os valores fundamentais ganhem a ordem de importância que cada um concebe. Mas, por razões diversas, não compramos sempre o produtos que achamos terem melhor qualidade. Usamos a ponderação.
Tal como no marketing, uma campanha não será mais que um esforço organizativo de um departamento em colaboração com os demais e a representação de um periodo de actuação onde as vantagens competitivas actuais são levadas ao extremo da convicção. Não me pareceria demasiado afirmar que, se nas empresas esta capacidade de gestão do investimento tem provado dar lucro, na política o que melhor apresentar essa capacidade organizativa obterá mais votos. No marketing, o voto ideológico seria aquilo a que se chama um nicho de mercado.

Do debate e da nação III

Gosto de anos de eleições, já aqui o disse. Devia haver um ano de eleições pelo menos uma vez por ano, também reafirmo. O debate das ideias, quando o há. Dizia-se da discussão sai a razão... Mas o burburinho político está cada vez mais parecido com uma novela mexicana. É facil de ver. Confere. Cada episódio tem uma reviravolta. Confere. A opinião pública varia conforme a performance das personagens. Confere. As vozes dos personagens são dobradas. Confere. Assim podem insinuar à vontadinha que logo virão 4 acessores explicar a razão e o sentido de certa afirmação. Há uma característica das novelas mexicanas que à qual a política não vai beber inspiração que é a de que no fim a Conchita e o Juan que andaram episódio atrás de episódio a fazer mal à Arancha e ao Paquito acabam sempre castigados para agrado do público. Na novela política os castigos são ditados nas urnas mas a tendência da democracia vai no sentido de confundir o eleitor. A destreza da argumentação faz não saber quem é o bom, o mau e o vilão. Os seguidores adictos da novela lá terão a sua ilusão. Os que apanham um episódio aqui outro alí, irão mais pelo design do brinde entregue em mão. Eu espero ir a tempo de uma t-shirt. Se não houver, uma caneta. Vá lá.

sábado, 12 de setembro de 2009

Do debate e da nação II

A televisão portuguesa esqueceu-se dos cybernautas. Todas. São precisas horas de espera para ver um debate online. Eu, que tinha a expectativa elevada. Entretenho-me com o crochê, enquanto os problemas técnicos não se resolvem.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Do debate e da nação I

Devia haver uma ano de eleições por ano. Votos a favor, votos contra, abstenção.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Do debate e da nação

Finalmente começa a aqueçer.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Das outras caixinhas de surpresas

Bruxelas é outra loiça. É inevitável a comparação com Amsterdam pela proximidade temporal da visita e pela proximidade geográfica. Chegamos, sem guia às seis da tarde de quarta feira e a primeira impressão foi a de uma cidade extremamente comercial. A partir daí foi sempre olhar para o lado e encontrar uma surpresa! Começou à chegada. Se nos indagavamos se a prostituição é legal aí, a resposta chegou ainda nos subúrbios. Do comboio vimos uma "red light" diurna, com as Marias a dançar em portas viradas para a linha de comboio. Talvez por ser de dia, a arte pareceu não ter metade do feeling de Amsterdam. Saímos na estação central. Nos primeiros minutos fomos dar à Gros Markt, em Flamengo, Grand Place, em Francês. Mais umas voltas, ida ao hostal, voltamos aí. As 9.30, depois de tropeçar numa ruazela com o Manneken Pis, voltamos à praça. Em caminho para outras paragens começamos a ouvir uma música clássica altíssima, voltamos à praça.
Era um espectáculo de projecção, luz e música no símbolo central da praça, o Hotel de Ville. Centenas de pessoas sentadas e deitadas no paralelo a desfrutar de 6 minutos de ebriedade auditiva e visual... Como é daquelas cidades onde os autocarros são indecifráveis, o metro foi o transporte de eleição. E, que boa escolha. Algumas das linhas tinham umas estações do outro mundo. Estéticas bem arrojadas. Uma delas, por exemplo, umas estátuas que pareciam mortos (imagino estar sozinha à espera do metro naquela estação!). Noutra encontramos um mural de azulejo do Júlio Pomar ilustrando Pessoa e outros riscos. O atomium, que queria conhecer desde miúda, é também ele do outro mundo. Um átomo aumentado 165 biliões de vezes. É uma escala que, mesmo diante dele, custa percepcionar. Contra todos os conselhos, entramos. De facto não é que tenha muito que ver, mas é preciso entrar para se perceber a sua dimensão! Cada "bola" são 3 andares altos e no "tubo" central que parece ter meio metro de diâmetro quando apreciado por fora, está um elevador onde cabem 20 pessoas! Além da quantidade de arte nova e dos tropeções em edificios e museus de fazer inveja a qualquer cidade, do que mais gostei foi da gente, e da forma como voluntariamente oferecia ajuda e simpatia a quem via procurar. Acabei por comprar o guia, não queria perder pitada. Não teria sido necessário já que Bruxelas se revelou bem por sí, sem a ajuda do menú turístico.

domingo, 30 de agosto de 2009

Da alegria que não está nos dias úteis

Para quem ainda não foi, aconselho. Amsterdam é uma cidade onde os valores foram ousadamente postos em causa. A aplicação dessa reflexão sente-se e vê-se no ambiente descontraido de cidade ocidental. É diferente de tudo o que vi. A red light, os coffeeshops, as bicicletas... Agora que tento dizer qualquer coisa sobre a cidade, nada me sai que não seja descontração e liberdade de ousar. Bons pequenos almoços gratuitos, o museu Van Gogh, os canais, os barcos, barquinhos, barquetes, negócio, também, mas com estilo. Praia a 25 minutos de comboio. Acima de tudo, sem a intenção clara de ir a Amsterdam à Maria Juana ou às outras meninas, o ambiente da cidade não nos faz acreditar nem desacreditar que os outros estão lá para isso. Ou por isso. A primeira impressão foi de uma cidade séptica. Que mudou radicalmente nas primeiras horas. Mas não é nada que se conte, não são grandes obras, nem ser grande no tamanho ou na beleza, nem nada soberbamente antigo ou incrivelmente moderno, é funcional. Ponto. As bicicletas, aos milhares, são bemvindas e prioritárias. Há semáforos para elas. Mesmo no comboio onde a pica obriga um casal de velhotes neozelandeses a desandar por escadas íngremes com 6 malas grandiosas e a 5 minutos do fim da viagem, por estarem em lugares para bicicletas! Ir a Amsterdam e não andar de bicicleta é ir a Roma e não ver o Papa. Tudo fica incrivelmente ao alcance, sem necessidade de um motor ou grandes engenhos. Na red light as meninas são novas e mexem-se bem. Algumas dançam em biquini ou lingerie ao som de um rádio-cassetes elementar. Música que egoísticamente não partilham com o transeunte. É tão natural como impressionante. Aparenta dignidade. As mais velhas assomam à porta dirigindo-se imperativamente aos potenciais clientes. Escondem-se atrás da cortina escura, que também esconde outras coisas, quando vêem um flash.

sentimentos de uma ocidental

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indagações, indignações, imbecilidades

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