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domingo, 9 de agosto de 2009

Da loucura consciente do self-herói

Tenho um grande sentido de apreço pela personagem criada e entitulada de Salvador Dalí. Antes do artista, tecnicamente brilhante (admito que alguns não gostem da sua estética mas a técnica é inegável), havia o homem cuja profissão era ser marketeer de si próprio. Fabricou meticulosamente sobre sí, uma imagem de louco lúcido, de génio excêntrico que, sabia ele bem, era isso o surrealismo. Auto nomeou-se Avida Dollars, trocando as letras do seu nome. Abafou, sem dó, os demais surrealistas. Dizia ele, sem pouca verdade, "a única diferença entre um louco e eu, é que eu não sou louco". A sua loucura era bem consciente. Uma frase sua que o revela como estratega e publicitário da sua imagem dizia mais ou menos isto: "Quando estou no meio dos surrealistas digo bem alto - Tenho que ir, vou ter com os aristocratas.- e quando estou no meio dos aristocratas digo - Tenho que ir, vou ter com os surrealistas." Aproveitava-se, assim, da falta de liberdade de circulação entre os dois mundos... A verdade é que com ou sem o peso da sua bem montada estratégia de marketing, Dalí deixou obra notável. Sempre actual e despolitizada, mais ainda quando analisada à época da sua realização. Tenho para mim que, antes de Warhol e Liechtenstein, Dalí inventou a Popart, trazendo para a ribalta objectos do quotidiano e figuras populares como a garrafa de Coca Cola ou a cara do Lincoln (melhor vista a 20 mts). Também tenho para mim que, não sei onde é que o arranjou, mas Dalí já tinha um computador equipado com AUTOCAD! Ver Dalí aqui.

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