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sábado, 25 de julho de 2009

Do iniciar os títulos com artigos definidos e outras ponderações linguísticas

Sempre tive o sonho de iniciar o título de alguma coisa com Do, Da, dos ou Das. Eh pá! Parece-me bem, não sei o que é! Cheguei mesmo a iniciar alguns emails assim mas não correu bem e apaguei! Agora num post de blog... Não sei porquê mas fica mesmo bem. E, como explicar a um estrangeiro o significado disso?
Tenho a sina de lidar diariamente com nativos (e não só) das duas outras línguas que aprendi, inglês e espanhol, e deparo-me por vezes com situações linguísticas e culturais inusitadas. Qual é o ponto em que alguém pode dizer-se fluente num idioma? Quando percebe o interlocutor e se faz perceber. Até aí, consigo esboçar o desenho.
Mas qual é o ponto em que se domina uma língua como se da materna se tratasse? Quando se entende o seu humor, há quem diga. Por um lado, aceito, mas por outro... Como é que vou eu explicar a expressão "chapéus há muitos, seu palerma!" a um estrangeiro? É que além do que é explicável, numa qualquer expressão popular existem uma data de conceitos e associações se se podem criar que pertencem ao ideario colectivo de uma cultura e são irreproduzíveis noutras línguas. Algumas das coisas que se apreendem do intercâmbio de culturas e idiomas são contraditórias como, pedir mais informação e a contenção. Por um lado querer saber interpretar com a maior precisão o que nos dizem e o que dizemos, por outro, deixar de usar esta ou aquela expressão que tão bem caía naquele contexto para evitar explicar o que é inexplicável. Estar com portugueses no estrangeiro funciona, neste contexto, como uma terapêutica. Também esta contraditória. Por um lado o "repúdio" de uma hierarquia de valores bem conhecida e, por isso, criticável; por outro, o à vontade linguístico com que nos entendemos deixando escorregar tiques de "verdadeiro eu" que vão tornando as relações mais profundas e cheias de sentido. Em que ficamos? "Corta a nespereira, não corta a nespereira..."
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indagações, indignações, imbecilidades

sentimentos de uma ocidental