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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Destes amigos, do silêncio, à noite

Livros é uma cena fixe! Como diria a Larinha (do alto dos seus 4 anos) é divertido! Não que leia muitos, que não há tempo ou assim se diz. É por fases e épocas. Às vezes leva meses até organizar uma rotina em que os livros entrem. Mas com livros tenho histórias tão díspares e estranhas que o inacabado bouquet literário é como se fosse um velho amigo de infância. Primeiro a mania de comprar o livro para ler (ou medo de gostar tanto e não o ter depois para rever). Não foram muitos os que li emprestados e parece que cismo em esquecê-los com mais facilidade... mania. Depois há aquela sensação de estar numa biblioteca. Aquele cheiro. Em que as veias incham ligeiramente, o cérebro parece que também e a decisão vem a seguir: querer ler todos! Depois sair da biblioteca para a realidade. Trash! Acabou! Pelos 16 anos tinha uma profissão de eleição secreta, que era fazer os textos iniciais de enquadramento do autor, nos livros! Estudar um autor até às ultimas consequências para poder falar do gajo! Houve também uma época de leitura às escondidas. Várias, até. Uma, reincidente. Quando ia dormir as 10, 11 da noite, ficava a ler até que o pai vinha ver se estava tudo bem e eu fingia que já estava a dormir. Por ser muito tarde e por ser esse o meu dever. A outra quando encontrei por casa o Fanny Hill - diários de uma prostituta de John Cleland. Escondia-o cautelosamente debaixo do colchão todas as noites, depois da leitura. Como se a mãe não fizesse a cama e mudasse os lençóis todas as semanas!

2 comentários:

  1. e as temporadas de livros em que a realidade ganha nublosidade e os "gajos" que escrevem e desenham o que lês povoam as tuas fotografias de família?
    e os bilhetes de comboio ou que o valha repletos de palavras novas apontadas, entre folhas e em suspenso? na forma de pistas secretas para o admirável mundo das palavras por descobrir e usar, em amadoras imitações dos "gajos"? e os contactos, em dias de verão, para uma editora que tem os livros que eu quero-e-rápido mas que não responde a e-mails nem atende o telefone? para mim é frete do "gajo" que eu quero ler.

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  2. Gaja, gosto da tua prosa-poema.
    Posso responder pelos olhos do Cesário?

    "Teus olhos imorais,
    Mulher, que me dissecas,
    Teus olhos dizem mais,
    Que muitas bibliotecas!"

    Que é que eu posso dizer mais?

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