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segunda-feira, 27 de julho de 2009

Dos crimes dos padres e outras confissões religiosas

Lembro-me que o primeiro texto original que fiz ia por volta dos 14 anos. Não consegui evitar tal era a fúria que sentia para com um Deus que não tinha ousado questionar até então. Tinha morrido o Ayrton Senna! Não que eu gostasse de Fórmula 1. Não consigo até hoje explicar essa fúria. Talvez se devesse às páginas massivas da Super Jovem que se ocupavam do facto. E a Super Jovem para mim era deus! Essa e as Bravo e Popcorn alemãs, que me levaram a crer que um dia aprenderia alemão por osmose, só a olhar para as legendas das fotos do BonJovi e do Axl Rose... Isto foi a 1 de Maio de 94. Dias antes, a 5 de Abril tinha-se suicidado Kurt Cobain. Era demasiado... Que Deus era aquele que permitia passivamente esses actos indeléveis? Por coincidência, por essa altura (ou uns meses depois) comecei a ler O primo Basílio e depois O Crime do Padre Amaro. Devia estar tão entediada na terrinha que me deliciei, na altura, com as novas descrições e tão exactas, de um Portugal antigo que me ajudava a perceber o de agora. Lembro-me do espanto de perceber que ja no século desanove se reclamava em todas as direcções: contra o país, os políticos, a política! Não haverá por ventura, pior altura da vida para ler estes dois. Foram anos de catequese e educação católica por água abaixo. Não estou a brincar nem a a alinhar em mediatismos. A verdade é que estes quatro factos da minha juventude, ocorridos naquela altura da vida, me transformaram na pessoa mais céptica e voluntarista (por oposição a dogmática) que conheço. Começo a perceber aquela cena, coisa e tal, efeito borboleta, não é?

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